quarta-feira, 20 de abril de 2011

1 ANO SEM MEU PAI ESTOU APRENDENDO A VIVER COM UMA MULETA NO MEU CORAÇÃO

A vida continua ela tem que continuar...
Há um ano minha vida entrou em colapso e desmoronou, eu trabalhava em exaustão, meu pai morreu de repente e minhas relações estavam tumultuadas. É uma dor insuperável, estou atado, aleijado e vou morrer assim.
Eu creio que não exista ninguém neste mundo que saiba soletrar ‘adeus’, sem lágrimas, é algo que envolve muita dor. No ano de 2010 tive perdas afetivas vivenciadas com muita dor. Essas perdas me deixou frágil e vulnerável, existia um vínculo que se rompeu de forma irreversível, perdi há um ano em 20 de abril o meu pai Iracy Rodrigues Silva.
A intensidade e duração da vivência que advém da perda faz com que o processo de luto seja bem mais intenso.Foi algo que se rompeu em minha vida de alguém afetivamente importante.
Uma perda para toda a vida, uma ruptura sem volta, achei que não teria estrutura psíquica para enfrentar tal situação, no entanto aos poucos um processo bem lento e delicado consigo viver a vida e superar a cada dia.
Algo que de fato nunca achei que poderia ser capaz. Até o presente momento ainda parece que não caiu à ficha muito bem, às vezes penso, analiso e reflito e tudo parece que mudou pra valer a minha volta para nunca mais ser como era antes.
Felizmente tive um beneficio que foi o suporte psicossocial que nossa família recebeu com o apoio e carinho de todos os familiares. Mas para reconstruir a minha vida levando em consideração sonhos, metas e desejos foi algo desafiador durante o processo de enfrentamento e superação das perdas.
Entre os piores momentos que posso ver na perda de meu pai foi o recomeço, depois do choque vem-se a pergunta depois de um tempo, por onde recomeçar, recolher todos os cacos quebrados, os anseios, desorganização, depressão.
Eu consegui amenizar a dor dessa perda com o apoio da minha mãe, da família, dos amigos de faculdade e vizinhos, trabalhando e estudando ocupando todo o meu tempo para que os meses fossem passando e assim o tempo pode reorganizar os meus pensamentos.
Porém a aceitação não foi algo tão fácil, apesar da morte ser a única certeza da vida, nenhuma pessoa entendo eu, esta preparada para enfrentar este momento de despedida, nem mesmo os espíritas que acreditam na reencarnação.
Eu confesso que pensei em me desesperar ao ver a situação que vivenciei, mas com calma foi possível retomar alguns projetos, novas relações, lidar com a dor da perda de uma forma mais serena.
A anormalidade de uma perda como a que tive com o falecimento de meu pai que nos deixou inesperadamente, trouxe sentimentos confusos a minha mente como solidão, angústia, falta de interesse pela vida, saudade, falta de apetite, isonia, fadiga e um aperto do peito.
Em 2010 eu não perdi só o meu pai, mas perdi também a minha avó materna Maria Diniz, e até hoje não acredito que ela se foi, ainda não caiu a ficha, por ter sido duas perdas muito próximas, acredito que o processo de luto é algo em longo prazo que dura cerca de um há dois anos conforme os especialista, comigo deve perpetuar mais que esse período, pois ainda não consegui digerir a informação que tive duas perdas afetivas, não só a do meu pai mas também a morte da minha avó.
A morte do meu pai gerou uma dor infinitamente maior e a elaboração da perda é lenta e muito mais sofrida por ter sido inesperada.
É comum as pessoas se afogarem na imensidão da dor, guardando eternamente sentimentos de raiva, indignação e culpa, questionando a justiça dos homens e a de Deus, abandonando sua vida em vida.
O que foi menos complexo de lhe dar com a morte do meu pai, foi não ter havido nada a resolver com ele em termos de questões pendentes, agradecer, falar de sentimentos e até da saudade que sentirá, são vivências impossibilitadas para quem perde inesperadamente alguém.
A possibilidade que permite seguir a vida passa pelo enfrentamento da dor e das etapas seguintes. É preciso compartilhar a dor com a família, amigos, pessoas vivendo situações semelhantes, para que se possa aprender a conviver com a perda. É uma via dolorosa, porém mais saudável.
Mas ressalto que para que conseguisse reconstruir a minha vida tive que atravessar as tarefas necessárias no luto, reconhecer e aceitar a perda gradativamente para depois poder voltar-se para o que restou, para aprender a viver sem o meu pai e ainda não digo a minha avó, pois isso acredito que seja mais a diante, no momento de uma dor tão aguda, pode ser facilitado tanto pela rede de apoio familiar e social, quanto pela ajuda de um profissional.
O apoio de todos foi determinante para atravessar esse processo, de forma a não carregar cotidianamente, e por longos anos, uma dor paralisante, isso coibiu a instalação do luto crônico, não digo que não adoeci emocionalmente e fisicamente, mas aos poucos consigo retomar a vida.
No dia 20 de abril de 2011 marcou a data de um ano de morte do meu pai, passaram-se dias, meses e tudo parece que foi ontem.
Cada momento de dor, desgastes em que fiquei transtornado com a falta de assistência que ele teve até a morte, tudo isso passa em minha mente como se fosse um filme.
Porém digo que venho superando a cada dia essa dor reinvestindo no amor e esperança na vida que fica pode parecer impossível diante de uma grande perda inesperada, mas é um caminho a ser alcançado.
Poder amar as outras pessoas à sua volta não significa que não se ama mais a pessoa que partiu, se for verdade que tudo que se foi se fica um pouco o amor ficará muito e eternamente.
MATEUS REIS é Bacharel em Comunicação Social com Ênfase em Jornalismo; Pós-Graduando em MBA com especialização em Gestão de Comunicação Integrada; jornalista da Rádio Santana; Diretor Geral e Executivo da MR Comunicação; colunista de política e cultura Jornais Tribuna e Folha Regional.
mateusreisrocha@gmail.com/mateusreisrocha@hotmail.com

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